Um coração

Foto by Pedro Drope... em garanhuns.

Meu coração bom vive num mundo de cegos
Tateia e às vezes guia quer ser,
Ora, vive num mundo de surdos,
Não ouve ninguém, nem as próprias batidas,
Que ainda insiste em conter,
Em outros momentos ouve até o que não deve,
Busca sons ao longe e os interpretam,
Esse pulsante ser quase sempre é mudo,
Nunca transmite o que sente e ainda acha que todos devem entender,
Todos os seus conflitos, indecisões e instabilidade,
Todas as suas certezas, autoconfianças, loucuras, paixões e amor,
Mas nunca fala pelos cotovelos,
Pois, se comunica involuntariamente por sinais, entende?
Esse núcleo da alma às vezes é sem memória,
Perdoa e busca como se nunca tivesse acontecido nada,
Mas, ao mesmo tempo se apega a detalhes,
Guarda em si uma biblioteca de passados,
Descontrola, enrola e se enrola, mas permanece...
Ora é frio, calculista, egoísta, rancoroso,
Em outros momentos é compaixão, caridade e cheio de valores,
Um coração bobo ao ponto que até mim irrita.
E o que sobra, se é que sobra, é um eterno apaixonado...
Pela vida...