O Risco

Agora já passávamos a nos ver todos os dias, éramos atraídos pela descoberta do interior do outro, por esse lugar desconhecido, sempre o palco de nossas conversas eram à beira da minha cama, e ela sempre abraçada ao meu travesseiro que já passava a ter o seu cheiro, ficávamos horas conversando que nem notávamos o tempo passar, era de costume perdermos a hora de ir embora. Sempre juntos, porém escondidos de todos olhos, pra que não pudéssemos trazer problemas quanto a família dela e ao seu criador de tartarugas.


Risco ( Goethe)

"Do que adianta você ter esta alma colada
Aos ossos dessa carne errada?
Sem o risco, a vida não vale a pena.

Se você não quiser arriscar, não comece.
Isso quer dizer: se você arriscar, perder namorada, esposa, filhos,

emprego, a cabeça, e até a alma.

Mas, é sempre melhor isso do que olhar pra todas essas outras pessoas

que nunca acertam porque nunca se propõe ao risco".



Ela sempre tentando me consumir, observa atentamente cada palavra, caso um vacilo meu, rapidamente me repreendia mostrando que estou me contradizendo. As nossas conversar giravam em torno da curiosidade dela em saber o porquê do meu interesse por ela? E por que eu dava tanta liberdade? Sou réu confesso dessa trama, ao não ter mais o sentimento de vingança que antes me consumia, foi transformado facilmente em interesse, passei a querer ter por simplesmente querer correr o risco. O risco de aprender e o de ensinar, de ser feliz e de sofrer, o risco de amar e de ser amado, de ter pra depois perder, o risco dá conquista, o risco que arrisca a saudade poder ter.
É até verdade que somos bem diferentes, amo a lucidez e ela a alucinação, eu a paciência e ela o agir, vivo o sonho e ela à vontade, quero sempre sorrir e ela sempre o pensar, amo o tocar e ela o olhar, amo o complicado e ela o simples, amo a liberdade e ela a prisão, amo a resposta e ela a pergunta, amo a vida e ela o viver.
Sei que em algumas horas complico a cabeça dela por não esperar tanta liberdade, apenas quero que ela ame, mesmo que não seja a mim, mas que não pare de amar nunca, seja sempre uma amante compulsiva pelo aprender e que esteja junto a mim até que não tenha mais nada pra tirar de útil, aceito até que ela me faça sentir saudade ou sofrer, a quero me deixando cicatrizes, traumas e até mesmo que mate a vida viva do meu ser, eu apenas quero ser algo que ela nunca teve, pelo fato de aprender a correr o risco. Penso que só assim conseguirei prendê-la pela liberdade de ser livre.
A cada peça que era movida do nosso xadrez, havia calma, cautela e medo. Jogávamos não mais com o medo de perder o jogo, mas sim de perder o outro, nosso objetivo passava a ser a conquista pela vontade de possui o ser que em nenhum momento nos dava a certeza que tínhamos por completo e isso se transformava em virtude, atração e conquista. A incerteza do amanhã.


Pedro droPe...


Ps.: Parte do meu livro "Daria um livro"

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