XADREZ, O JOGO!

Foto by Pedro Drope...

Achei-te quando não esperava te encontrar, via em teus segredos algo que eu procurava e que jamais ninguém tão experiente e tão menina poderia me proporcinar. No início olhavas aparte dos meus segredos e sonhos, porém me atraia pelos feitos e de como você conseguia destruir e arruinar, tantos sentimentos. Acho que isso me fez ter curiosidade e ao mesmo tempo um sentimento de vingança por algo que não era meu... Tomei dores de outros amores e me colocando como observador de suas ações amorosas.
Passavas por mim e não me notavas, não sabia o que eu maquinava contra você, queria apenas te ter por alguns segundo, está ao seu lado pra te completar, mas para um dia faltar, na verdade, na verdade eu queria apenas te destruir, assim como você fazia com os outros sentimentos que te eram oferecidos ou impostos, eu queria só te fazer ter saudade de algo que nem amavas e que nem tinhas sentimento algum, era apenas o desejo de ser o teu pesadelo, o teu sofrer.
Cruzávamos-nos em esquinas da vida, porém não trocávamos nem se quer olhares, claramente eu via que não cabia dentro de você, pois nem me davas brechas pra que eu pudesse ter passagem pra te destroçar e te ferir. Porém, eu aguardava ansioso para que estivesse um dia ao meu lado, aos meus desejos e nunca aos meus sonhos e planos, pois não queria fazer planos com você, simplesmente queria pra não te querer.
Em pouco tempo estava como estrategista pra te cercar, eu teria que está em seu habitat, em seu ciclo vicioso pra que pudéssemos termos nosso escambo de idéias ou ao menos algumas três ou quatro palavras. Eu precisava, apenas precisava. Esperei seu vacilo, sua boa intenção e já estava em sua sala cheio de maldade e você linda e nem sabia que seria presa dos meus desejos de te sacrificar. Conversamos coisas normais e naturais nada que fizesse pensar que eu te queria. Pedir pra você comprar algo pra mim, algo que eu poderia comprar, foi a única forma que achei pra ter contato com você e fiz o que era certo, conseguir te fazer ficar um pouco mais perto, estava conseguindo o que tanto queria.
Mais algumas semanas e pronto! Flagro-te na madrugada agindo pra martelar algo que já tinhas destruído, foi até engraçado, brinquei com você que me respondeu com um sorriso, era o bastante.
Um dia depois nos cruzamos na praia algo tão normal que você acabou sentando na nossa mesa, era tanta gente que nem dava pra notar as minhas vontades, além do mais estava junto a nós, uma pessoa que durante dez anos me fazia sentir vibrações. Em meu consciente só me vinha uma pergunta: Eu trocaria dez anos por um desejo pelo desconhecido de uma vingança que nem era minha? Nem eu respondi. Chegamos a comentar o episódio do dia anterior, só com olhares que me fez ver que já não nos comunicávamos só por palavras, agora tínhamos mais uma maneira de estarmos nos entendendo. Tentei me distanciar de você por ao menos algumas semanas pra que não pensasse que eu estava te querendo por ter te visto no flagra, meus desejos iam bem além dos sexuais, apesar de por alguns minutos eu me peguei pensando nestes desejos na hora de formular o bom ódio da estratégia da vingança alheia.
Cheguei a ligar pra você pra tentar algo, mas não te encontrei. No mesmo dia no inicio da madrugada encontro sem querer você que me deu a brecha que eu almejava. Ao te perguntar se terias folga do trabalho, nem se quer me respondesse e já me veio com outra pergunta: À praia amanhã? O bastante pra que aceitasse o que eu queria perguntar. Eu sabia que não poderia ir à praia, pois tinha um monte de problemas pra resolver, mas mesmo assim joguei tudo pro ar e vi que meu sentimento de vingança que nessa hora acho que já nem mais existia, falava mais alto dentro de mim, eu já vi que estava começando a sentar no xadrez da conquista, e você sem saber que começava uma batalha, sem sentimento de vingança e sem ódio, era agora um desejo de conquistar pra que eu pudesse aprender com você que é tão experiente.
Ao sairmos juntos era um dia de chuva, praia nem pensar, acabamos em um restaurante chinês, uma cerveja, um cigarro, uma dose... Conversas pra que podemos nos conhecer e quem diria está ao seu lado uma manhã inteira, te cavando pra descobrir o que tinha de tão destruidor de sentimento em você que me parecia tão simples e manhosa. Logo, em seguida você me faz outro convite e no inicio da noite já nos deparávamos com cartazes de filmes, que nenhuma ainda contava nossa história, porém nos identificamos facilmente por um que falava de sonhadores como eu e você. Após o cinema paramos pra comer algo e conversar mais um pouco, foi quando te expliquei sobre o meu sentimento de estratégia pra está ao seu lado, você meio que surpreendida, gostou da idéia. Foi o bastante, alguns minutos depois eu consegui, já tinhas os teus lábios aos meus, algo muito rápido mais de uma intensidade surpreendente que nos fazíamos viajar ao toque dos nossos beijos.
Achei que tudo pra você terminaria nisso, mas você me procurou com desejo no outro dia. Ficamos juntos de forma que estudávamos a cada movida de cada peça do nosso jogo, agíamos em função da movimentação inexplicável de um xadrez de sentimentos humanos.



Xadrez (Rosario Castelanos)


" Porque éramos amigos e, talvez,
para juntar outros interesses aos muitos que nos obrigávamos,

decidimos jogar jogos de inteligência.

Pusemos um tabuleiro frente a nós,

equitativo em peças,
em valores e em possibilidades de movimentos.

Aprendemos as regras, juramos respeitá-las,
e a partida teve início.

Eis-nos aqui, há um século sentados,

meditando encarniçadamente em como dar

a estocada última que aniquile inapelavelmente e para sempre... o outro!"


Pedro Drope... Parte do meu livro: Daria um livro.

Comentários

Anônimo disse…
nossa!!
Anônimo disse…
brilhante!

Meus parabéns, é um poema digno de um elogio no mínimo..SENSACIONAL.

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